Resumo
Introdução: O combate moderno exige a adoção de novas capacidades operativas e uma melhor qualificação dos recursos humanos. Nesse contexto, a capacitação física ainda desempenha um papel de destaque dentre as capacidades e qualificações para a prontidão do militar. Sendo assim, para a manutenção da aptidão física da tropa, o treinamento físico e os testes específicos visam preparar e avaliar o militar para as tarefas e demandas do combate.
Objetivo: Examinar a correlação dos testes de força isométrica e dos testes que compõem o Teste Físico Operacional (TFO) do Exército Brasileiro (EB) com o desempenho em tarefas de combate simuladas (TCS) específicas do EB.
Métodos: Estudo observacional que integra um estudo longitudinal sobre a eficiência do TFO, do qual participaram no total 234 militares da ativa, sendo 116 do estudo preliminar (de ambos os sexos) e do presente estudo, foram 118 participantes do sexo masculino, fisicamente ativos, servindo em um Batalhão de Infantaria. Os indivíduos realizaram testes físicos voltados para aptidão muscular e cardiorrespiratória, além de realizarem as TCS específicas do EB. A correlação entre cada teste-tarefa foi estimada por meio do coeficiente de correlação de Pearson (r).
Resultados: O teste de força de preensão manual foi o único teste que apresentou correlações significativas (de fraca a moderada) com todas as TCS, sendo que para transporte de ferido (TF) e transposição de obstáculo as correlações foram desprezíveis (r<0,3). Dentre os testes físicos do TFO, os que apresentaram maiores valores preditivos foram o lanço-arrasto-carregamento (LAC) e a corrida contínua de 3.200m (CC). LAC exibiu correlação forte (r=0,7–0,8) com todas as TCS e CC apresentou correlações de moderada a forte com quase todas as TCS, à exceção da tarefa TF.
Conclusão: Este estudo demonstrou o efeito preditor dos testes físicos em relação ao desempenho nas TCS específicas do EB. Os achados sugerem que a avaliação composta de testes físicos multitarefas em conjunto com a CC podem ser utilizados com confiabilidade em relação ao desempenho nas TCS.
Referências
Larsson J, Dencker M, Olsson MC, Bremander A. Development and application of a questionnaire to self-rate physical work demands for ground combat soldiers. Applied Ergonomics. 2020;83. https://doi.org/10.1016/j.apergo.2019.103002.
Boye MW, Cohen BS, Sharp MA, Canino MC, Foulis SA, Larcom K, et al. U.S. Army physical demands study: Prevalence and frequency of performing physically demanding tasks in deployed and non-deployed settings. Journal of Science and Medicine in Sport. 2017;20. https://doi.org/10.1016/j.jsams.2017.08.014.
OTAN. North Atlantic Treaty Organization. Optimizing operational physical fitness. Technical Report TR-HFM-080. 2009.
Foulis SA, Canino MC, Hydren JR, Larcom K, Sauers SE, Walker LA, et al. A compendium of the physiological demands of the 32 Critical physcially demanding tasks of combat arms soldiers (Report No. T18-08). Natick, MA: U.S. Army Research Institute of Environmental Medicine; 2018.
Sharp MA, Cohen BS, Boye MW, Foulis SA, Redmond JE, Larcom K, et al. U.S. Army physical demands study: Identification and validation of the physically demanding tasks of combat arms occupations. Journal of Science and Medicine in Sport. 2017;20. https://doi.org/10.1016/j.jsams.2017.09.013.
Reilly T, Walsh E, Stockbrugger B. Reliability of FORCE COMBATTM: A Canadian army fitness objective. Journal of Science and Medicine in Sport. 2019;22(5). https://doi.org/10.1016/j.jsams.2018.11.013.
Silva RT, Campos FAD, Campos LCB, Takito MY, Miron EM, Pellegrinotti ÍL, et al. Anthropometrical and physical fitness predictors of operational military test performance in air force personnel. International Journal of Exercise Science. 2020;13(4).
Stein JA, Hepler TC, Cosgrove SJ, Heinrich KM. Critical tasks from the Global War on Terror: A combat-focused job task analysis. Applied Ergonomics. 2021;95. https://doi.org/10.1016/j.apergo.2021.103465.
Robson S, Lytell M, Sims C, Pezard S, Manacapilli T, Anderson A, et al. Fit for Duty? Evaluating the Physical Fitness Requirements of Battlefield Airmen. RandyHealth Quarterly. 2018;7(2). https://doi.org/10.7249/rr618.
Botta CWC, Franchini E, Gabriel-Costa LD, Campos FAD. Physical Tests to Predict Combat Task Performance Among Brazilian Air Force Infantry Cadets. Military Medicine. 2023;188(9–10). https://doi.org/10.1093/milmed/usac111.
BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Portaria No 850-EME/C Ex, de 31 de agosto de 2022. Diretriz para a Avaliação Física do Exército Brasileiro (EB20-D-03.053). Brasília, DF: Estado-Maior do Exército; 2022.
de Freitas AC. O novo teste de aptidão de combate do Exército dos EUA. Doutrina Militar Trerrestre. 2019;7(17).
Foulis SA, Redmond JE, Frykman PN, Warr BJ, Zambraski EJ, Sharp MA. U.S. Army physical demands study: Reliability of simulations of physically demanding tasks performed by combat arms soldiers. Journal of Strength and Conditioning Research. 2017;31(12). https://doi.org/10.1519/JSC.0000000000001894.
Botta WC, dos Santos JMMP, Stein JA, Padovani CR, Borin JP. Reliability of simulated combat tasks performed by Brazilian Air Force cadets. Ergonomics. 2024;67(7). https://doi.org/10.1080/00140139.2023.2278393.
Worden CT, White ED. Modifying the U.S. Air Force fitness test to reflect physical combat fitness: One study’s perspective. Military Medicine. 2012;177(9). https://doi.org/10.7205/MILMED-D-12-00066.
Frykman PN, Myers SD. Development of criterion measure task simulations for physically demanding tasks. Natick, MA: U.S. Army Research Institute of Environmental Medicine; 2019. https://doi.org/10.1016/j.jsams.2017.09.022.
BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Portaria No 9-COTER, de 6 de fevereiro de 2019. Programa-Padrão de Instrução Individual Básica (EB70-PP-11.001).. 2nd ed. Brasília, DF: Comando de Operações Terrestres; 2019.
Hardison CM, Mayberry PW, Krull H, Setodji CM, Panis C, Madison R, et al. Independent Review of the Army Combat Fitness Test: Summary of Key Findings and Recommendations. 2022.
U.S.Army. Army Combat Fitness Test. Field Testing Manual. Fort Eustis, VA: U.S. Army Center for Initial Military Training, TRADOC; 2018.
Wright JE, Sharp DS, Vogel JA, Patton JF. Assessment of Muscle Strength and Prediction of Lifting Capacity in U.S. Army Personnel. Technical Peport M9/85. Natick, MA: U.S. Army Research Institute of Environmental Medicine; 1984.
BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Portaria No 142-COTER_C Ex, de 23 de outubro de 2020. Programa de Instrução Militar (EB70-P-11.001) para o ano de 2021. Brasília, DF: Comando de Operações Terrestres; 2020.
Roberts HC, Denison HJ, Martin HJ, Patel HP, Syddall H, Cooper C, et al. A review of the measurement of grip strength in clinical and epidemiological studies: Towards a standardised approach. Age and Ageing. 2011. https://doi.org/10.1093/ageing/afr051.
Trampisch US, Franke J, Jedamzik N, Hinrichs T, Platen P. Optimal jamar dynamometer handle position to assess maximal isometric hand grip strength in epidemiological studies. Journal of Hand Surgery. 2012;37(11). https://doi.org/10.1016/j.jhsa.2012.08.014.
Werle S, Goldhahn J, Drerup S, Simmen BR, Sprott H, Herren DB. Age- and gender-specific normative data of grip and pinch strength in a healthy adult Swiss population. Journal of Hand Surgery: European Volume. 2009;34(1). https://doi.org/10.1177/1753193408096763.
Heyward VH. Avaliação física e prescrição de exercício: técnicas avançadas.. 6a. ArtMed. Porto Alegre: ArtMed; 2013.
De Trotta J, Menghin Beraldo L, Ulbricht L. Apresentação de um protocolo de referência para análise dinamométrica da força escapular em funcionários do setor industrial eletromecânico. Brazilian Journal of Development. 2022;8(1).
BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Manual de Campanha EB70-MC-10.304: Marchas a Pé.. 3rd ed. Brasília, DF: Comando de Operações Terrestres; 2019.
BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Manual de Campanha EB20-MC-10.350: Treinamento Físico Militar.. 5th ed. Brasília: Estado-Maior do Exército; 2021.
Mukaka MM. Statistics corner: A guide to appropriate use of correlation coefficient in medical research. Malawi Medical Journal. 2012;24(3).
Cohen BS, Hauret K, Redmond JE, Canino MC, Walker LA, Pierce JR, et al. U.S. Army Occupational Physical Assessment Test (OPAT): Attrition and Retention Longitudinal Validation Study (2016-2018). Report No. T23-008. 2023. https://doi.org/10.13140/RG.2.2.29990.50246.
Bigelman KA, East WB, Thomas DM, Turner D, Hertling M. The New Army Combat Fitness Test: An Opportunity to Improve Recruitment and Retainment. Obesity. 2019;27(11). https://doi.org/10.1002/oby.22619.
Wedge C, Carreno L, Pitt W, Mason J, Crowell M, Miller E. Inter- and Intra-Rater Reliabilities of the Army Combat Fitness Test Three-Repetition Maximum Deadlift Event Among Raters of Varying Professional Experience. Military Medicine. 2023;188(9–10). https://doi.org/10.1093/milmed/usac099.
Sharp M, Foulis S, Redmond J, Canino M, Cohen B, Hauret K, et al. Longitudinal Validation of the Occupational Physical Assessment Test (OPAT). Technical Report T18-05. Natick, MA: U.S. Army Research Institute of Environmental Medicine; 2018.
Carstairs GL, Ham DJ, Savage RJ, Best SA, Beck B, Doyle TLA. A box lift and place assessment is related to performance of several military manual handling tasks. Military Medicine. 2016;181(3). https://doi.org/10.7205/MILMED-D-15-00070.
Spiering BA, Walker LA, Larcom K, Frykman PN, Allison SC, Sharp MA. Predicting Soldier Task Performance From Physical Fitness Tests: Reliability and Construct Validity of a Soldier Task Test Battery. Journal of Strength and Conditioning Research. 2019;35(10). https://doi.org/10.1519/jsc.0000000000003222.
Stocker H, Leo P. Predicting military specific performance from common fitness tests. Journal of Physical Education and Sport. 2020;20(5). https://doi.org/10.7752/jpes.2020.05336.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 Revista de Educação Física / Journal of Physical Education