Resumo
O Exército Brasileiro estabelece que o Treinamento Físico Militar seja desenvolvido, ao longo da carreira, como uma das atividades prioritárias, mensurando o nível de higidez de seus quadros, três vezes por ano, por meio do Teste de Avaliação Física. O objetivo deste estudo foi comparar o estado nutricional e o condicionamento físico dos oficiais combatentes, durante a Formação, o Aperfeiçoamento e no Comando e Estado-Maior. Participaram da pesquisa 180 voluntários, sendo divididos em três grupos em função do período da carreira e da respectiva faixa etária: o primeiro grupo foi composto por 58 cadetes (praças especiais) do 4º ano da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), situada em Resende-RJ, com idade 22,26 ± 1,22 anos, massa corporal 72,85 ± 7,74 kg e estatura 1,76 ± 0,06 m; o segundo, representado por 60 capitães (oficiais intermediários), alunos da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), localizada no Rio de Janeiro-RJ, com idade 30,55 ± 1,36 anos, massa corporal 82 ± 10,89 kg e estatura 1,75 ± 0,06 m; e o último, constituído por 62 oficiais superiores (majores e tenentes-coronéis), alunos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), com idade 38,48 ± 2,08 anos, massa corporal 80,86 ± 10,77 kg e estatura 1,74 ± 0,06 m. Foram avaliados, nas variáveis, o estado nutricional – índice de massa corporal (IMC), índice da relação cintura/quadril (IRCQ), índice de conicidade (IC) e percentual de gordura corporal (%GC); e, no condicionamento físico – Teste de 12 minutos, flexão de braços e abdominal supra. Para a análise das médias das variáveis de estudo, em cada um dos grupos componentes da amostra (AMAN, EsAO e ECEME), foram empregados os testes paramétricos da análise de variância (ANOVA one way) e o teste post hoc de Tukey para asmúltiplas comparações, adotando o nível de significância de p ≤ 0,05. Não se pôde rejeitar a hipótese nula (F = 0,000), mas, no entanto, conforme o teste post hoc de Tukey, foram verificadas diferenças significativas no IMC entre AMAN-EsAO e AMAN-ECEME (p = 0,000); IRCQ entre AMAN-ECEME e EsAO-ECEME; IC entre AMAN-EsAO, AMAN-ECEME e EsAO-ECEME (p = 0,000); %GC entre AMAN-EsAO, AMAN-ECEME e EsAO-ECEME (p = 0,000); e no VO2max, flexão de braços e abdominal supra entre AMAN-EsAO e AMAN-ECEME (p = 0,000). Relativamente à gordura total, pelos IMC e %GC, a AMAN se classifica como normal/média, a EsAO, sobrepeso/abaixo da média e ECEME, sobrepeso/média. Todas as médias do IRCQ encontram-se dentro da faixa de risco moderado. A média do IC da AMAN e da EsAO ficaram abaixo do ponto de corte considerado discriminador de risco de doença cardíaca coronariana, já a ECEME ficou acima. No teste de 12 minutos, os grupos ficaram dentro da zona bom. Porém, a EsAO e a ECEME ficaram enquadradas em muito bom. Houve um declínio de 7,2% daAMAN para EsAOe umaumento de 7,2% desta para a ECEME.Na flexão de braços, houve umdeclínio de 27% da AMAN para EsAO e um aumento de 7,3% desta para ECEME; no abdominal supra de 48% e 20,1%, respectivamente.Constatou-se um declínio, significativo à estatística, dos valores absolutos de todas as variáveis entre a AMAN e EsAO, mas houve um aumento da EsAO para a ECEME. Sugere-se a realização de estudos longitudinais voltados a identificar os efeitos da idade e do treinamento sobre as qualidades físicas dos testes adotados pelo Exército Brasileiro.
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